domingo, 2 de dezembro de 2012

Pingos de tempo.

No primeiro minuto coube o olhar e a sensação
No segundo, coube nada não.
No terceiro um passo e só.
E foi no quarto, a sós, na quinta-feira 
que fizeram o cesto, onde coube, enfim,
a vida inteira.



Relógio do sol,
medindo o calor da paixão...
A noite não chega cedo.
a noite tem medo do colchão.
a noite tem medo do olhar
e a gente não tem medo de amar.

Quando o tempo passa vago
e o dia de  tão longo e pardo
parece que nunca se acaba,
diz-se que o dia é de espera
não sei de quê, mas pudera!
o tempo a mim nunca diz nada

Daqui pra frente é algo que se expande e vem.
é algo grande, ou aquém.
Que venha o algo, os algozes...
e a algazarra!











sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Duas quedas

Caiu na minha mão
tão de repente
- e aí, quantas cores serão? -

Estava aqui, toquei sua mão.
e aí cai na sua.
Arribou a sobrancelha
- marcas de expressão-
e, sem palavras,
disse algo bem distante de
não.

Não sei se era ao menos
 um talvez,
mas talvez fosse algum
melhor de três.

E continuei não sabendo
e falando, falando
da minha vida insensata,
da minha poesia barata,
dos meus caleidoscópios
-impressões-
e até te cantei erudições.

No final
- nada hercúleo, afinal-
você, da minha mão,
caiu na minha.


domingo, 21 de outubro de 2012

Prego

Segurou desajeitadamente o martelo;
soltou um riso frouxo e segurou o prego;
afrouxou o desajeito pra enfrentar a ponta;
mirou o ponto cego pra firmar a afronta;
desafiou o inseto que afrontava a ação;
cravou no desatino força  e exaustão;
estaria agora dado à vitória e deleite
se a força vã não rachasse toda a parede;
procurou outro canto pra encaixar o prego;
achou só rachadura, e um cabuloso inseto.

                                                               


.






sexta-feira, 20 de julho de 2012

A nova roupagem

Mudou de cor meu sorriso,
tirei a face do olvido
pra lembrar dessas horas
brandas e sem esporas,
sem sala de espera,
sem tempo de encerra
e sem vácuo no olhar.

Mudou de cheiro meu tato
se te atinjo intacto
pra acordar sua trama
passiva de entranhas
arfadas com beijo,
façanha e deleito,
pingente e colar.

Sim, diverge da canção do agreste
onde seco e mórbido era o ter,
e esse instante há de permanecer
com a mesma doçura que o veste.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Poema de chuva

A chuva fresquinha no teto
 troveja em minha cabeça,
em vão.

Chuva que bate forte, e estia,
bate forte, e estia,
bem-me-quer, mal-me-quer.
pinga indagação

Ah! Chuva... de tanta pinga
fico ébria,
e sem saber o que escrever,
deixo árido o papel.

 Chuva arde e sai pela garganta.
 Chuva ácida com gosto de fel.





sexta-feira, 29 de junho de 2012

Supérflua geometria

Hoje meu sorriso ficou jogado no canto...
Muitos acham que ele ficou irônico
e há quem o defina como um grito rouco.
É quina de sala.
Transferidor que meça o ângulo,
enquanto os poetas (roucos) catam sufoco.

sábado, 16 de junho de 2012

Com soneto e saudade

Queria te encontrar segunda-feira,
Tocar-te-ia a pele incontinênti,
pra nunca mais ficar tão descontente,
falar-me-ia um monte de besteira.

Cantar-te-ia os sonhos desatados
- pois ‘nós’ se transformaram em pronome,
 juntando nossas vidas, que eram fome,
em canto de dois jovens saciados.-

Queria debruçar-me no teu peito,
Ser novamente a dona do teu leito,
Trancafiar-me em teu tímido afago.

Queria te encontrar também na terça,
Beijar-te-ia quarta, quinta, sexta,
Pra que tu não se percas no passado.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O poema de Lucíola

       Lucíola voltou do colégio inspirada. Era quinta-feira e, novamente, a aula de literatura lhe enchera de inspiração. Primeiro ano, trovadorismo. Tinha entendido tudo: as diferenças entre as cantigas de amor ou de amigo, escárnio ou maldizer. Lembrara do seu professor recitando aquela cantiga de Joan Garcia Guilhade: "E direi-vos que os loarei: / Dona fea, velha e sandia.". Mesmo antes de saber o que era 'loarei e 'sandia', gostava da sonoridade das palavras. Estava preparada para mais um 10 no boletim... e, também, para produzir mais um poema. Eis o trabalho:

Sol poente (Cantiga de amigo)

Eu suspiro noite e dia
pelo amigo que não vem,
-sol poente!

Cantarei de alegria
se o moço chegar bem,
-sol poente!

Estou sempre a esperar
pelo meu amado, oh!
-sol poente!

E quando o moço chegar
Minha vida será sol,
-sol nascente!

Deliciou-se com seu trabalho. Era poeta, sabia que o era. Lera "Cartas a um Jovem Poeta", de Rilke, e estava mais que certa que sequer conseguiria viver sem a poesia na ponta do seu lápis. Mastigou mais uma vez o seu poema, e dessa vez, fez isso bem devagarinho, e notou: "Que merda eu fiz! Terei que reformular a última estrofe ". E refez: 

E quando o moço chegar
Dançarei ao seu redor,
-sol poente!

"Pronto, agora sim, é uma canção de amigo." E continuou a observar da janela o sol poente...







      




segunda-feira, 28 de maio de 2012

Tatear

Procurar tateando


O que você tanto quer achar aqui no meu corpo, malandro?





Tatear sem tato

Pra que nada se limite à forma
E assim eu descobri o amor
platônico,
desses em que a gente se perde...
mas nunca em lençóis.

Tatear sem teto

eu saio de casa
querendo ver o mundo de perto


Alitateração

Tatu tateia a terra
tarântula tateia a teia
E a Téa, tola toda!
tropeçou,
trombou com Tiago,
e tá tontinha tontinha
na teia desse tarado.




quinta-feira, 24 de maio de 2012

Versos do ofício

O ofício

Escrever por escrever
é como escrever sem escrever,
pois escrever não é simplesmente crer,
nem ver
e muito menos jogar palavras por aê.

Vem de lá do fundo do ser
aquilo que te faz escrever pra escrever.
Gostar de rimar "o que?" e "por quê"?
é só um outro detalhe.

  O preço 

Palito de fósforo aceso? 
Foi preciso um tanto de pólvora
e quando o barulho da explosão me despertou,
já estava diante do estrago

A, B,"C"

Duvidava do "c" de certo da professora
porque o "c" de certo da professora
poderia ser qualquer outra coisa
poderia ser  "c" de caixão
poderia ser "c" de cocô

E sabe? Eu já quis que fosse "c" de coração,
até que um dia tropecei num "c" de corno.
é osso essa vida!
é um "c" de caroço.


Recompença

Isso:
transformar folhas retangulares 
em barquinhos de papel.

Ou mais:
mais que isso.










sábado, 12 de maio de 2012

E forma-se mais uma quadrilha

Uma moça amava um cara
que se apaixonou pela sua vizinha
que era amiga da prima da sua melhor amiga
que era apaixonada por um rapaz que amava a moça que amava um cara.
A prima da sua melhor amiga amava o professor
que amava a irmã da diretora
que a ninguém amava,
mas era amante do pai de uma outra moça
que amava um moço que morava ao lado da moça que amava um cara
e esse moço também não amava ninguém
mas me fazia suspirar, 
assim como já o fez com a moça, a melhor amiga da moça,
a prima da melhor amiga da moça,
a vizinha da moça, a outra moça e, acredite, até a diretora, coitada!
e sua irmã.
Esse moço de lábia afiada
era filho de doutor
tinha nome de imperador, 
e o seu bisavô, outro coitado!,
morreu na Segunda Guerra Mundial,
assunto dado pelo professor.




quarta-feira, 2 de maio de 2012

O que é.

O que quer de mim esse universo, esse instante?
Diz: cante, diz: faça,
prestigie sua raça
mesmo que com farsa, disfarça
e ande
pelo passeio da rua,
sem brincar com o meio-fio.

É que quando olharam aquele quadro
perfeito
intacto
Definiram que a arte era assim.
Quando experimentei tinta fosca
borrada
sem forma
tiraram as luvas de mim.

Mas o que quer de mim esse universo, esse instante?
Pelo menos por um segundo eu ouvi o silêncio.
Diz nada, se cala
e deixe a arte ser nua
pois não sou desespero
que só quer ser "tua"
e não sou desapego
que insiste em ser crua
nem sou pequenino
admirado com a lua...

Só cansei do exato onde não há exatidão
quee!.. não!
não é só cara, coroa, ou coração.
É o que e como eu aprendi a ver.
Há a essência, tudo bem, essencial
enquanto os sentidos nos lembram
dessa agonia provocada pelo verbo "ser"



quarta-feira, 18 de abril de 2012

Primeira dose

Uma dose de paixão para que as mãos fiquem trêmulas
e tremule o tambor que acompanha os acordes
e acordem os pássaros que as asas sacodem
Pra soar poesia sem dores apáticas

E que a nossa razão de sentir seja prática,
pratico o exercício da não-suposição
Dando à voz do sabiá o dever da direção
veja que as nuvens nunca permanecem intactas

Já te vejo em imagens pelo céu dinâmico
E que as gotas caiam, pelo bem das flores
Enquanto sento e espero a bela lua, a cheia

Seja intenso tudo aquilo que liberte o ânimo
Na mistura de agudos, baixos e, tenores
Se acelero o coração, beleza nunca freia






terça-feira, 10 de abril de 2012

Desorganize


Despreocupada com as obrigações da semana, sentada em alguma cadeira de madeira, esperando telefonemas, ou qualquer coisa que distraia o silêncio, um desses silêncios que a gente costuma classificar como ensurdecedores. Sem motivos pra atravessar a rua e comprar um sorvete. Bom seria se o sorvete surgisse assim como o pensamento: repentino, espontâneo, manipulável por qualquer ser um pouco são. Mais perto de surgir como os pensamentos são as palavras escritas: grisalhas de tanto uso, manipuláveis por qualquer ser pouco alfabetizado. Também, deixando as coisas fluirem, entendendo que em se tratando dessas casualidades da vida, não existe piscina certa, só rio. E se não é piscina, não pode ser propriedade. Na verdade, uma canoa "abandonada" no rio e o peixe que "dança" embaixo d'água já são, por si só, propriedades do rio.

Talvez devesse usar outra metáfora menos desgastada, ou até mesmo inventar novas figuras de linguagem, mas essa ocupação demasiada em achar sentido e mentalizar o próximo passo a ser dado suga muito do ser humano. A cor preferida não é tão bonita assim, e a rosa casualmente se fere com os próprios espinhos, mas não, não há por que esconder tanta mesmice em complexidade, e muita informação e velocidade complica a mente. E se falar demais enche o saco, então que se esparrame tudo em um terreno baldio ou em marte, já que é pra lá que querem mandar qualquer coisa.

Quando pausei a criação de certezas, percebi a soberania da desordem. A busca pela verdade agita, e é agitada pela dúvida. Já não há calma no conhecimento, imagine nas certezas! Então aprendi a conviver tanto com a dúvida quanto meu jeito inconstante/emotivo; até achei beleza no ridículo do ser humano. Eu sei, porém, que a certeza não vai desistir de mim tão fácil e depois, daqui a anos, ou minutos, serei levada por um rio, ou caminharei até algum terreno baldio, pra ver se esparramei pedaços de mim lá, junto com os dejetos e afins. Ou então, posso simplesmente sair da lógica sem lógica de toda coisa desorganizada que se passa na minha cabeça, e organizar a bagunça do meu quarto.

domingo, 1 de abril de 2012

Versos de medidas

Sobre (ou sob) a balança

É melhor pesar
numa dessas de qualidade
que é pra não ter erro

É melhor pensar
se esse tal de desgaste
é mesmo maior que o desejo

1ª lei de Newton

Não é que não haja forças
pra cessar a lágrima que cai.

É que nessa dualidade do sim ou não
as tais forças opostas se anulam
então tudo deve permanecer como está

E não há atrito entre a ferida e a lágrima que não quer cessar
E o movimento das gotas continua sem desacelerar...


Sobre além da temperatura do amor

Só sei  que  a energia
passa em forma de calor

A mentira

Sua mentira não tem medida
é somente uma mentira, omitida 
dita só pelo olhar
Então saia debaixo desse teto
de fingir ser honesto
de mentir pra agradar
Me dá nojo essa cara
não de pau, mas de palha
Feita pr'uma égua mastigar











sexta-feira, 23 de março de 2012

Versos estudiosos

Mistura homogênea

Essa felicidade
não achei do nada, 
e não veio só
Dois é sempre mais
e a mistura faz
suco do que era pó.

1ª lei da termodinâmica

Nesse sistema termicamente isolado
Cê me dá sua energia de sobra
pra ficarmos em equilíbrio

Nessa onda de não poder criar,
só nos resta transferir
e não nos cabe destruir

Difusão simples

Pelo simples fato de estar em constante movimento, 
nesse corre-"dispara" da vida,
acabei entrando na sua,
onde encontrei mais espaço.

Bastou-me atravessar uma membrana permeável
a mim.

Difusão simples II

Saiu da minha vida pelo mesmo motivo pelo qual uma molécula de gás carbônico sai de uma célula:

sobra do que já foi necessário.





terça-feira, 13 de março de 2012

O que não parece


Nesse relativismo...

o Alto Egito fica no Sul
e o Baixo Egito, no Norte

a distância entre mim e o céu
é menor que o segundo da morte

a leveza da vida é esforço
e a luta diária é esporte

o sorriso estampado é monstro
e o confronto e o escárnio é  sorte


domingo, 11 de março de 2012

Rita e Tina

Eram duas moças solteiras
conversando na mesma varanda
em que brincavam de ciranda

A Rita era donzela
Dentre todas, nunca a bela
Lambuzava-se de sonhos
pra enxugar os olhos tristonhos
Mas enterrava, à medida que os anos passavam
Uma certa leveza de mulher, que uns até almejavam

A Tina, dessa vida
vai levando quase nada.
Apenas corações partidos
e um tempo sempre corrido
Trabalhava pra sentir o afagar do cansaço,
e jamais mergulhar em seus sonhos, fracasso

Agora, de papo na mesma varanda
em que brincavam de ciranda
As duas, desmentidas da vida, encontram-se
unidas
pelo desprezo à vizinha que deu pra três numa só noite,
naquela festa...



terça-feira, 6 de março de 2012

Deixando pra lá

E nessa ânsia contínua por contrariar,
decidiu despir-se da sapatilha de ponta.


              Única alternativa pra se livrar da cobrança
              Cobrança de ser a melhor do corpo de baile

              Há sempre o dia em que a bailarina se desequilibra
              Pois não há um que consiga
              levar toda sua vida
              equilibrada no meio-fio.

E nessa ânsia contínua por contrariar,
contraiu o talento
achou-se no direito de errar.
                

        
              

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Apenas um papo qualquer



- Tá demorando.
- O quê?
- Essa coisa de par. Essa coisa de amor.
- Não ama porque não quer.
- Não amo porque não acho ninguém pra amar.
- Eu acho que você não procura.
- Não procuro mesmo. Não sou carente.
- Acho você muito intensa e sensível quando se apaixona. Isso não seria sinal de carência?
- Não, não, de paixão. Talvez um sinal de insegurança, mas nunca carência.
- A carência não suprida às vezes gera insegurança em um novo amor.
- Não reclamo da falta de amor.
- Reclama sim, implicitamente. Sente falta. Todo mundo sente.
- É por causa das músicas, dos filmes, das amigas, da tia que quer saber se você já está namorando, do irmão e do pai ciumentos, do Caio (Fernando de Abreu), da poesia, da conversa fiada com o moço bonito e até da danada da professora do prezinho, que ensina a desenhar coração, aquele órgão feio que é transformado em bonito no papel, sabe? É por todo mundo falar que é bom.
- E é bom.
- Não sei o quanto. Não sei se vou saber.
- Depende de você...
- Não só de mim...
- Aposto que já deixou o amor escapar...
- Sem perceber...
- Precisa ficar atenta...
- Sabe quando você dança? Às vezes, por ficar muito atenta e querer acertar o passo, acaba ficando tensa. A dança precisa de leveza, precisa que você esteja relaxada, antes de querer fazer tudo certo.
- É... faz sentido.
- Então estou fazendo certo!
- Você está DIZENDO certo. Não sei se tá fazendo.
- Eu to fazendo...
- Eu acho que você está relaxando demais. Vai acabar dormindo no ponto.
- Dormindo ou acordada, não sei qual é o ponto...
- Só você pode saber...
- (remendando) "Só você pode saber"
- ...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Ser umano



Uma letra só nem sempre muda o sentido da palavra
e, sem conjugar o verbo, falamos com tamanha convicção
Que somos gigantes por sonhar,
perdedores por não ganhar
e mendigos por estar distantes de uma migalha de pão

Acidentalmente caímos nessa de falar que é de propósito
que essa gente sofre porque não sabe viver
Se estamos aqui, o que precisamos saber? 
O que temos que sentir?
Pr'onde temos que fugir?

E, seguindo o ritmo dessa ciranda, soltamos nossas mãos
Mas quem muito gira em torno de si mesmo fica tonto e cai
Uso de certos conceitos, falo do que é de faxada
É que, se somos simplesmente matéria
a energia está condensada.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

"Aprendendo" geologia

   

       Eram unidos feito Pangeia, de quando se formavam carvões, há 4 bilhões de anos atrás. Antes de se encontrarem, a vida era inferno Hadeano. Era quente, mas com o passar do tempo, tornou-se sólido, apesar de problemas nascerem constantemente, pequenos, unicelulares. O amor, porém, cristal (ou, simplesmente, mineral). Essa coisa primitiva que era cambriana, e nem dinossauros sabiam ainda. E de tão chegados, chegaram a se unir de vez, permanecendo ali: rodeados por um mar já cheio de vida. Mas até a Dona Baratinha viu quando eles se separaram, feito água e petróleo. Duas partes sedimentares de uma vida. Duas não, pois muitos foram os pedaços arrancados um do outro, por essa paixão descontrolada como um vulcão. Nada disso foi visto por humano nenhum. Porém, quem olha bem pra cada um de seus pedaços pode ver (Ah, como pode ver!)... que em algum momento, lá no passado, se uniram, pois têm em si as formas perfeitas pra se encaixar.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Como uma mulher, um grão e a curiosidade mudaram o rumo da história da humanidade


A Maria era das antigas e vivia como nômade
Percorre seu caminho em busca da colheita
Já se sabia que os vegetais eram alimento para o corpo
E também com a carne, a refeição era feita

Um dia a Maria tornou-se curiosa
Notou que um grão caído na terra germinava
Chamou a Pedrita para ver o acontecido
E após dias vislumbraram a grande planta que brotara

A Maria, empreendedora, refletiu sobre esse fato
Catou alguns grãozinhos que encontrava pelo chão
Jogou-os pela terra, mas tão cedo não choveu
E o esperado por Maria sequer aconteceu

Mas o homem observava a grandiosa natureza
E, com o tempo, desvendava-se o mistério desse "grão"
Já  sabiam que a chuva era importante pro plantio
Nem imaginavam que ali surgia uma revolução

Descendentes de Maria agora vivem em aldeias
Herdaram lotes de terra que geravam mais comida
A fartura de alimento garantido pro ano todo
Fez crescer a quantidade de filhinhos desse povo

A crescente era fértil e a colheita, organizada
E entre os que produziam, alimentos eram trocados
Era o ponto de partida pro comércio e pra cidade
Mas do grão da agricultura brotou, também, desigualdade.



terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sobre o fim

Perto, mas de longe
É no gosto do último beijo
que o desgaste se esconde

Longe, mas de perto
É a saudade que resta do fim
dando forças pr'o incerto



quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Quem arrisca... SÓ petisca?




Arrisco um pouco mais... e erro
Ninguém é de ferro,
pode averiguar!

Arrisco falar o que quero,
ir distante de zero,
sem recomeçar...

Arrisco falar com esse moço
de um sonho proposto
para se viver...

Arrisco e, por isso, petisco
Mas, por vezes, eu risco
e arrisco a inércia
- também é um risco-

Mas chega um dia em que eu digo:
quero jantar mais que somente petiscos




terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Goela abaixo

- Menino, menino, não solte PIPA na rua
Se você se queimar com a eletricidade, a culpa é toda sua
E não coma mais da SOPA da tia Renata
Sabe-se lá o que ela põe dentro que deixa aquela sopa estragada.

- Mãe, você sabe que nem de sopa eu gosto,
não como essa sopa agora, nem num futuro próximo,
e nesses tempos, há tanta comida estragada, sinto pelo faro
Mas muita gente nem percebe, e enfia tudo goela abaixo.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

É melhor dois pássaros voando que um na mão

Pássaro pousa onde quer, 
e por segundos, em sua mão, 
ou simplesmente num pé... 



Se é pássaro, voa. Se voa, pode ir longe. Se pode ir longe, vai onde mais gosta. Se gosta, pousa. Se mais gosta, volta. Se preso, triste pássaro. Se prende, arranca a liberdade do pássaro. Se quer prender, retrato. Gaiola, grade, prisão? Comida dada todos os dias não alimenta pássaro. 

Sou contra qualquer pássaro posto em gaiolas. Literal ou metaforicamente falando. É melhor dois pássaros voando que um na mão. Exceto se for de livre e espontânea vontade pousar na minha. Melhor ainda seria, um dia, ser um livre e espontâneo pássaro.