quarta-feira, 18 de abril de 2012

Primeira dose

Uma dose de paixão para que as mãos fiquem trêmulas
e tremule o tambor que acompanha os acordes
e acordem os pássaros que as asas sacodem
Pra soar poesia sem dores apáticas

E que a nossa razão de sentir seja prática,
pratico o exercício da não-suposição
Dando à voz do sabiá o dever da direção
veja que as nuvens nunca permanecem intactas

Já te vejo em imagens pelo céu dinâmico
E que as gotas caiam, pelo bem das flores
Enquanto sento e espero a bela lua, a cheia

Seja intenso tudo aquilo que liberte o ânimo
Na mistura de agudos, baixos e, tenores
Se acelero o coração, beleza nunca freia






terça-feira, 10 de abril de 2012

Desorganize


Despreocupada com as obrigações da semana, sentada em alguma cadeira de madeira, esperando telefonemas, ou qualquer coisa que distraia o silêncio, um desses silêncios que a gente costuma classificar como ensurdecedores. Sem motivos pra atravessar a rua e comprar um sorvete. Bom seria se o sorvete surgisse assim como o pensamento: repentino, espontâneo, manipulável por qualquer ser um pouco são. Mais perto de surgir como os pensamentos são as palavras escritas: grisalhas de tanto uso, manipuláveis por qualquer ser pouco alfabetizado. Também, deixando as coisas fluirem, entendendo que em se tratando dessas casualidades da vida, não existe piscina certa, só rio. E se não é piscina, não pode ser propriedade. Na verdade, uma canoa "abandonada" no rio e o peixe que "dança" embaixo d'água já são, por si só, propriedades do rio.

Talvez devesse usar outra metáfora menos desgastada, ou até mesmo inventar novas figuras de linguagem, mas essa ocupação demasiada em achar sentido e mentalizar o próximo passo a ser dado suga muito do ser humano. A cor preferida não é tão bonita assim, e a rosa casualmente se fere com os próprios espinhos, mas não, não há por que esconder tanta mesmice em complexidade, e muita informação e velocidade complica a mente. E se falar demais enche o saco, então que se esparrame tudo em um terreno baldio ou em marte, já que é pra lá que querem mandar qualquer coisa.

Quando pausei a criação de certezas, percebi a soberania da desordem. A busca pela verdade agita, e é agitada pela dúvida. Já não há calma no conhecimento, imagine nas certezas! Então aprendi a conviver tanto com a dúvida quanto meu jeito inconstante/emotivo; até achei beleza no ridículo do ser humano. Eu sei, porém, que a certeza não vai desistir de mim tão fácil e depois, daqui a anos, ou minutos, serei levada por um rio, ou caminharei até algum terreno baldio, pra ver se esparramei pedaços de mim lá, junto com os dejetos e afins. Ou então, posso simplesmente sair da lógica sem lógica de toda coisa desorganizada que se passa na minha cabeça, e organizar a bagunça do meu quarto.

domingo, 1 de abril de 2012

Versos de medidas

Sobre (ou sob) a balança

É melhor pesar
numa dessas de qualidade
que é pra não ter erro

É melhor pensar
se esse tal de desgaste
é mesmo maior que o desejo

1ª lei de Newton

Não é que não haja forças
pra cessar a lágrima que cai.

É que nessa dualidade do sim ou não
as tais forças opostas se anulam
então tudo deve permanecer como está

E não há atrito entre a ferida e a lágrima que não quer cessar
E o movimento das gotas continua sem desacelerar...


Sobre além da temperatura do amor

Só sei  que  a energia
passa em forma de calor

A mentira

Sua mentira não tem medida
é somente uma mentira, omitida 
dita só pelo olhar
Então saia debaixo desse teto
de fingir ser honesto
de mentir pra agradar
Me dá nojo essa cara
não de pau, mas de palha
Feita pr'uma égua mastigar