terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Compasso binário




Falando musicalmente...
não apetece o assunto
Basta caminhar como bem entender por um campo harmônico
Catando colcheias e semicolcheias em seus ritmos

Se achegue,
pegue um violão,
ou cante comigo,
que essa conversa de partitura fermata...
E a gente se entende em algum compasso
Tomara que seja binário

E, assim como em um piano
Com cada um em sua clave
A união faz a música
que música por si só, já é sinônimo de força.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Um pingo de luz n'um des-con(s/c)erto



Um ano e meu Natal, não lembro de tão nova
2 anos, até 6, 
não lembro o que ganhei
Só lembro de banquetes, e família reunida
Peru para o jantar
Conversa pra variar

Presentes eram entregues ao decorrer da prosa
por sorrisos que cativavam
a meus olhos que brilhavam
Mas hoje não há presente que pague nessa vida
O mundo em des-con(s/c)erto 
Uma facada no peito

A gente festejando em uma festa gloriosa
Uma poça de harmonia
Ou de mera hipocrisia
Bom mesmo era o alcance dessa meta pretendida
De paz, amor, sossego
E o mundo em aconchego


Que o espírito natalino atinja certas pessoas em cheio, não só por um dia. Que nossas metas não sejam só os presentes, mas a harmonia com Deus, consigo, e com o mundo. Mais solidariedade, mais amor. Doe um brinquedo, faça sorrir. Um Papai Noel só não consegue dar conta de milhões de crianças em um dia. Feliz Natal!










terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Pelo amor... pare de falar de amor (2)

Eu me lembro de um dia de calor
Eu me sentia a Colombina do Pierrot
Você falava, tamanha ironia
E eu te amava com muita folia

Eu me lembro de um dia de verão
Te amando, tal calor, que tentação
Seu olho fixo no meu decote
Só esperando a hora do bote!


Começou aqui.





"E a Colombina só quer um amor 
Que não encontra num braço qualquer" 


Los Hermanos

domingo, 11 de dezembro de 2011

Quis rimar, quis rir mais

Ódio que se vai levando a cor escura
Gosto de te ver assim: como mais um
Pois quando estavas grande eras loucura
E na loucura a dor era comum

Gosto dessa vida assim, tão leve...
Gosto dessa festa assim, tão cheia!
Pois mesmo faltando o toque na pele
Gozo da musicalidade das colcheias

E eu que há muito tempo não rimava
Ri mais nessa noite que de dia
Tão distante do futuro que antes esperava
E perto de uma louca calmaria

Eu poderia escrever apenas um monte de frases loucas, mas eu quis rimar
Eu poderia preencher minha mente de simples ideias soltas, mas eu quis rir mais.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O garoto da casa em frente

Fiz esse conto ano passado (inclusive, ganhei 1º lugar em um projeto literário por conta dele). Como nunca postei no blog, aí vai:




       Paola olhava sempre a casa em frente. Parecia mais bonita que a sua, e maior. Mas para ela, não era isso o que interessava, e sim o garoto que ali vivia. Moreno, alto e marcado por uma forte característica de sua personalidade: sério.

       Toda vez que ele passava pela sua janela, a moça dava um jeito de sorrir mais ou menos descaradamente, para que ele reparasse nela. Mas nada acontecia. Aliás, a mesma coisa acontecia: ele apenas a olhava, sério e indiferente, e continuava o seu caminho. O garoto adorava coletes e calças de guerra, tinha um alargador enorme na orelha esquerda, e outro de tamanho razoável na orelha direita.

       Um dia Paola decidiu que iria falar com ele, a fim de dizer tudo o que estava encurralado em sua garganta: que tinha se apaixonado desde o primeiro dia que ela o viu, meses atrás, quando ele e sua família se mudaram para essa rua. Andou pouco, só dez passos curtos até a casa do garoto. E fez a mesma coisa durante três dias seguidos.

       No primeiro dia, quem atendeu foi sua mãe. Magra, bonita, e alta, a recebeu com um sorriso:
       - Você me parece familiar. Mora por aqui?
       - Moro na casa em frente – disse Paola.
       - Ah – o sorriso apagou-se um pouco, tornando-se meio gozador. – Com quem desejas falar?
       - Então, eu queria falar com o garoto sério que mora aqui. Acho que é seu filho.
       - Não há nenhum garoto sério morando aqui. – e fechou a porta. “Como não?” Pensou a garota. “Eu sempre o vejo entrando por essa porta. Essa mulher está de gozação comigo...”

       No segundo dia, ela precisou bater cinco vezes na campanhinha, até que um idoso abriu a porta:
       - Quem é você? Desculpe-me, mas minha visão já não é das melhores. Não te reconheço.
       - É, acho que o senhor não me conhece. Eu moro na casa em frente.
       - Na casa em frente? – ele gargalhou.
       - É. E eu queria falar com o garoto sério que mora aqui.
       - Não há nenhum garoto sério aqui não, menininha. – e assim como a mãe, bateu a porta da casa na cara da garota que, inconformada, decidiu tentar até que o próprio rapaz abrisse a porta.

       No terceiro dia, o rapaz atendeu. Olhou-a daquele mesmo jeito sério. A menina falou tudo de uma vez para que não desistisse:
       - Olha, eu posso estar parecendo uma louca por estar dizendo todas essas coisas, mas é que eu sempre te vejo passando e sinto umas coisas estranhas. Não sei, mas mesmo sem te conhecer, acho que me apaixonei por você. Se não é isso, eu não sei o que é.

       O garoto olhou-a de baixo para cima, até chegar a seus olhos, tentando encontrar alguma coisa. Mas não como quem procurava um sentimento, e sim como um psiquiatra analisando um louco. Então disse:
       - Você acha mesmo que eu sou um garoto? – suspendeu a blusa, revelando um quadril totalmente desenhado, na curva mais perfeita que uma mulher poderia ter, mas que não compensa nem um pouco sua falta de seios – Ou vai querer que eu abaixe as calças para poder acreditar?

       Branca Paola foi até a casa do “garoto”, e vermelha voltou. Foi um dos momentos mais humilhantes que já viveu. Envergonhada demais para falar com seu pai que acabara de chegar do trabalho mais cedo do que de costume, subiu até o seu quarto e trancou-se. Ali mesma, jurou nunca mais olhar para a casa em frente.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Som pra vocês

Essa música é de minha autoria.
O nome é: Não quero te deixar pra lá
Se quiserem me deixar feliz, assistam...



Acho que não precisa escrever mais nada, precisa?





domingo, 27 de novembro de 2011

E o recheio?

Precisava escrever algo... Mas desse algo eu só consigo verbalizar o nada... E do nada, tudo para. E do nada, tudo é vago.... Do nada, eu sei de tudo. E de tudo resta o paradoxo do Fernando: "O mito é o nada que é tudo", nesse papo clichê de tudo ou nada.

Por que diabos tenho que dar um toque meio que poético nas minhas postagens, mesmo quando não quero escrever poesia? Malditas figuras de linguagens, por que vocês não largam um pouco do meu pé? Estou cansada de abusar da hipérbole ao se tratar de dor, nas perífrases do que é o amor. Facilidade com palavras? HA HA HA, tenho não. São essas figuras que me perseguem, com a mania de, repentinamente, tornar complexo tudo aquilo que deveria ser simples aos olhos dos outros. Mas não, eu tenho que complicar, tenho que transformar meus sentimentos em códigos, para que nem todos entendam, recheando-os para aqueles que gostam de saboreá-los. E seria esse o segredo do poeta? Caprichar no recheio, mesmo que não se saiba ao certo o que se rechear?

Pois bem, meus caros, o recheio de não sei o que está pronto. Mas recheio por si só não enche a barriga. Alguém poderia me dar ao menos um pãozinho partido ao meio?

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

AF!

Afiada
Afetada
Afobada

AF!
A filha
A fada
A farsa
A falha
A façanha
A faca
Afiada
A força
Ah! Foi-se...

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Sem sal

Ele tem merda na cabeça e namora aquele avião
Você prepara o seu futuro pra fugir da sua condição
Sujeito fraco e vencido e esquecido e afetado
Cara afoito, maltratado, adormecido e machucado

Ele tem merda na cabeça e ainda come aquele "popozão"
Você trabalha o dia inteiro e depois deita no mesmo colchão
Homem decente, generoso, inteligente, mas calado
Cabra direito, abençoado, organizado, mas sem sal.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Foi só uma gotícula de água no imenso deserto

Olhe-me com outros olhos
Ou olhe pelo outro lado:
Você pode despir-se do desejo, se quiser...

Mas olhe bem, meu caro
Não me espere de braços cruzados
que o mundo está pequeno para um grande amor
que a lua está tão cheia que já se deitou
que aquilo era tão pouco que já se acabou.

domingo, 13 de novembro de 2011

Três quartos


Um quarto muito claro para se dormir. Escuro para estudar. Pequeno para correr, grande para se isolar. Um quarto do que você sente você pode expressar. Três quartos, porém te perturba por toda a vida. Três quartos do que você não aprendeu a desenvolver direito. Três quartos são as paixões que não deram certo, e os amigos da decepção. Três quartos dos seus dias no deserto da desilusão. Porque se cobra muito uns dos outros. Cobra-se a parte desnecessária e fútil. Pois bem. Três quartos de pensamentos inconscientes que a gente tenta transformar em alguma coisa.


Sabe qual é a impressão que sinto quando estou escrevendo? A de que ainda estou no meio daquelas reflexões de menina boba infantil. Não haveria do que me culpar, pois teoricamente ainda sou garota. Mas queria muito compensar meus defeitos, minhas falhas, minhas habilidades não aprimoradas e minha juventude não tanto aproveitada em um pouco de maturidade. Queria poder me chamar de madura, mas são sempre os outros que te rotulam. Enfim, considero-me uma boba que aprendeu a usar as palavras.

Estou comendo pão com patê de atum. Uma delícia. É um pequeno prazer, porém melhor que uma fagulha de preocupação. To cansada de correr e me afobar, de me estressar facilmente, de carregar culpa, cansada. E, por sorte, as coisas não mais me atingem com a mesma facilidade com que atingia no passado. As situações, aquelas situações chatas, continuam vindo, mas dou menos importância pra elas. Mais paciência, calma, discernimento. Um pouco de entendimento de que as pessoas jugam através da sua perspectiva. Sendo assim, procurar ser sempre certo em tudo é três quartos do que o homem deve fazer pra ter uma vida toda errada.



sábado, 12 de novembro de 2011

Não quero te deixar pra lá (música)

Pela propaganda de vocês
Vi que estava fora do lugar
Preocupados em chegar às seis
E eu sequer tenho hora pra voltar
Olhem seus palhaços, podem rir
Vejam suas bonecas a vagar
Tudo pro cenário evoluir
Gestos pra plateia imitar

Eu estava ausente por aqui
Enquanto tanta coisa aconteceu
E o que me dizem não é tão claro assim
O palco deve estar tão desgastado
Só sei pensar que eu não estou do seu lado
E essas pessoas aqui me parecem tão estranhas

Veja aquele cara em seu papel
Está se declarando para alguém
Tira do seu bolso um anel
Do meu já não espero um vintém
Palavras me parecem tão clichês
Calçados todos querem um favor
Não vou admitir para vocês
Que eu só sei falar sobre o amor

Por isso sempre tento me expressar
De um jeito meio casual
E o que eu escrevo não é tão claro assim
O lápis deve estar tão desgastado
Só sei pensar que eu não estou do seu lado
Mas não quero te deixar pra lá
Não quero te deixar pra lá
Não quero te deixar pra lá
Não quero te deixar pra lá

Ps: Devo um vídeo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A antiga

Chegava a me gostar, me divertindo por roubar os pães
Caindo por degraus, sendo piada para mentes sãs
Querendo ser mais um, porém trilhando pra me destacar
Sorrindo sem razão, mas ensaiando pra desmoronar

Sentindo a brisa que me disseram haver
Correndo muito, capaz de me perder
Me perguntando "onde está você?"
e "quando o sol virá?"

Sabia aonde ir, mas sem nenhum motivo pra chegar
Eu precisava ir, mas já fazia planos pra voltar
E simplesmente fui prum outro canto, me refugiar
Mentira, eu não fui, fiquei atenta pro algo chegar

Eu me contradizia todo dia
Eu prendia você, pra depois me soltar
Te soltava pra ver você no meu lugar
Eu sorria pra n'outro minuto chorar.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Pé gelado

Aproveitando o embalo da canção do Cazuza, eu queria ter uma bomba agora. Não que eu queira explodir alguma coisa, mas pelo menos quebraria esse silêncio da noite. Já basta o frio, e meu pé gelado.

Amanhã tem simulado no colégio. Problema. Essa semana nós temos 4 dias com teste, e ainda não chegamos às provas do final da unidade. Todo dia uma atividade avaliativa, um teste, ou um trabalho, que nem me preocupo. Afinal, somos testados pelo que sabemos. Não adianta decorar, tirar 10, pra no outro dia esquecer. É inútil. É hipocrisia. Ou só estamos querendo aprovação. E depois dela, que se dane, estou livre pra fazer o que quiser. É a maioria dos seres humanos, que visam a um fim sem viver integralmente o caminho. Pra quê?

Estão ocupados demais, querendo resultados, buscando resultados, cobrando resultados, e frustrando-se com a falta de resultados. E quando olham pra trás as coisas que ficam são as conversas, os risos, o desejo, o beijo, o abraço. E a falta de resultados nos distanciam de tudo isso, fazendo com que nos concentremos unica e exclusivamente nela. Isso é só uma armadilha na qual praticamente todos já caíram um dia. E aos que não estão nem aí pras faltas e pra esse texto... meus parabéns!

"Solidão a dois de dia
Faz calor, depois faz frio"

E põe frio nisso, sr. Cazuza.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Meio-fio



Hoje não foi um dia relativamente bom, embora produtivo. Se eu estivesse realmente alegre, não precisaria estar aqui digitando. Acontece de muita coisa estar doendo muito mais que vacina. Afinal, vacina não dói, embora o tamanho da agulha assuste às vezes. Acho que ainda estou na fase do medo do desconhecido, como quando uma criança olha aquela agulha e começa a chorar prevendo a dor que irá sentir. Nessas horas é tapar os olhos e respirar fundo. Segurar na mão de alguém, talvez, mas chega uma hora em que você tem que enfrentar tudo sozinho. E quando a agulha penetra sua pele, você percebe que não dói e que todo mundo também tem que tomar injeção. Vai entender... A dor é psicológica e, no fundo, é algo pra justificar seu medo. No final sobram os que encaram a agulha com naturalidade rindo da cara dos que fazem escândalo pra tirar sangue e afins.

Talvez o momento em que me senti mais viva nesse dia foi quando eu resolvi me equilibrar no meio-fio pela rua. Às vezes a vida tem disso, que exige de nós mais cuidado na hora de caminhar. Mas, n'outras a gente só cansa de caminhar do mesmo modo sempre e busca uma maneira alternativa, um obstáculo para vencer, só pra sentir um pouco de gostinho de vitória. Afinal, não ter o que quer é absolutamente normal, querer o que tem é saudável, mas não querer nada e não se sentir impulsionado para batalhar por algo é, pra mim, problema. Talvez aquela coisa toda de signo esteja certa, e eu seja mesmo uma uma típica ariana, sempre em busca... de que?


"Vejo o que me aflige virar pó
As vezes acredito em mim
As vezes não acredito
Também não sei se devo duvidar"

Meio-fio - Rita Lee









domingo, 16 de outubro de 2011

De minutos

Ps: É uma música cujo título relaciona-se com o monte de acordes diminutos que eu pus nela, só pra dizer que sei tocar violão. Tá aí:




Sigo o tempo, mas perco a hora
quando um segundo é um instante que demora
e cedo eu chego aqui,
tarde demais pra mim...
De repente a noite chega e eu não te encontrei

Sinto o vento... melhor agora
Mas já é tarde e eu preciso ir embora
É cedo pra entender,
tarde pra esquecer
da estranha sensação que eu tive quando te olhei

Apareça, já cansei de procurar
Não me esqueça, que eu não esqueço seu olhar
Não me esqueço do lugar
onde eu te vejo, e falta o ar
e a razão
Venha, então
Venha leve
Venha intenso e são

Viaja o tempo, na sua história
Mas fica atento para não perder a hora
É cedo pra te amar,
tarde pra não gostar
do jeito como você me olha ao sorrir pra mim

Chega lento, e aqui demora
E eu sei que não vou aguentar se for embora
Cedo é meu desejo,
e agora tarda um beijo
Em questão de minutos meu sonho pode ter um fim

Apareça...

sábado, 1 de outubro de 2011

Um pouco do Arnaldo


"Reumatismo, raquitismo
Cistite, disritmia
Hérnia, pediculose
Tétano, hipocrisia
Brucelose, febre tifóide
Arteriosclerose, miopia
Catapora, culpa, cárie
Câimba, lepra, afasia...
O pulso ainda pulsa
E o corpo ainda é pouco
Ainda pulsa
Ainda é pouco
Assim..."
O pulso - Arnaldo Antunes

sábado, 10 de setembro de 2011

40°C

Talvez eu preste pra escrever palavras à toa
Um dia de sol e, ops, um gelo em meu peito
Sim, eu me salvei de uma cidade em chamas
E agora estou bem adaptada aos 40 graus
Celsius, céu, sul.

O vento balançando as àrvores e
não quero que ele bagunce meu cabelo, mas
Eu aprecio a beleza desse ar que
me livra do descaso dos mortais.

Não, você não deve sentir receios do que você esteve um dia
Perdoa-me
Esqueça-me
Adore-me
Enquanto, ufa, eu só aprecio os 40 graus

sábado, 28 de maio de 2011

Bola quente

Para tudo
coloca pra fora o que sente
joga fora o que mente
toca a bola pra frente

Fica mudo
não fala da boca pra fora
vê se toca essa bola
Toca a bola pra fora
pra frente
pra dentro!

Para tudo
Fica mudo
Joga fora
Toca a bola
Bola dentro
Bola frente
Bola fora
Bola, entre

Não se sente
não se fala
não se mente
não se cala,
e vê se fala o que sente
Bola frente
Bola fora
Bola, entre