terça-feira, 10 de abril de 2012

Desorganize


Despreocupada com as obrigações da semana, sentada em alguma cadeira de madeira, esperando telefonemas, ou qualquer coisa que distraia o silêncio, um desses silêncios que a gente costuma classificar como ensurdecedores. Sem motivos pra atravessar a rua e comprar um sorvete. Bom seria se o sorvete surgisse assim como o pensamento: repentino, espontâneo, manipulável por qualquer ser um pouco são. Mais perto de surgir como os pensamentos são as palavras escritas: grisalhas de tanto uso, manipuláveis por qualquer ser pouco alfabetizado. Também, deixando as coisas fluirem, entendendo que em se tratando dessas casualidades da vida, não existe piscina certa, só rio. E se não é piscina, não pode ser propriedade. Na verdade, uma canoa "abandonada" no rio e o peixe que "dança" embaixo d'água já são, por si só, propriedades do rio.

Talvez devesse usar outra metáfora menos desgastada, ou até mesmo inventar novas figuras de linguagem, mas essa ocupação demasiada em achar sentido e mentalizar o próximo passo a ser dado suga muito do ser humano. A cor preferida não é tão bonita assim, e a rosa casualmente se fere com os próprios espinhos, mas não, não há por que esconder tanta mesmice em complexidade, e muita informação e velocidade complica a mente. E se falar demais enche o saco, então que se esparrame tudo em um terreno baldio ou em marte, já que é pra lá que querem mandar qualquer coisa.

Quando pausei a criação de certezas, percebi a soberania da desordem. A busca pela verdade agita, e é agitada pela dúvida. Já não há calma no conhecimento, imagine nas certezas! Então aprendi a conviver tanto com a dúvida quanto meu jeito inconstante/emotivo; até achei beleza no ridículo do ser humano. Eu sei, porém, que a certeza não vai desistir de mim tão fácil e depois, daqui a anos, ou minutos, serei levada por um rio, ou caminharei até algum terreno baldio, pra ver se esparramei pedaços de mim lá, junto com os dejetos e afins. Ou então, posso simplesmente sair da lógica sem lógica de toda coisa desorganizada que se passa na minha cabeça, e organizar a bagunça do meu quarto.

6 comentários:

  1. A desordem manda e a gente desobedece. Assim seguimos não sei pra onde, pra fazer o que ontem parecia bom e agora não parece mais.

    Ou talvez não. Rs!

    Beijos, querida!

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  2. Caramba, Elisa, que post mais complexo e confuso, não sei se entendi alguma coisa, mas notei um fundo político-social-filosófico com um que de reflexão-complexo-paradoxal. ;D

    Bjuss

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  3. Elisa, ainda não aprendi a conviver com a dúvida..Quem sabe um dia? Gostei muito do texto! Gr. Bj.

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  4. Parece eu.. Que fico encabulada falando de assunto qualquer de um modo complexo até cansar de mim mesma e ir arrumar o quarto.

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  5. Seu texto esta maravilhoso!!!
    Parabéns!

    Beijo, Baiana!

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  6. Ah! Eu tenho andando nesse tom, só pra não dizer que sou feita... rs

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