E volta em meia caia tonta. Eita multidão que se movimenta, vive, cria laços, faz piada, ri! Enquanto ela não participa, nem sabe como, nem tem vontade: ninguém liga, ninguém se importa. E então, vestido marrom cansa e deita, deixando-se ser pisada. Até que o tumulto acalme, e alguém a veja, dispe-a, e "participe", deixando ela pertencer. E ela entende. Sai, e não consegue mais olhar nos olhos dessa pessoa, cobaia da sua primitiva necessidade de ser o centro das atenções... a qualquer custo. E vendo que o tumulto continua, ela se esconde, porque percebe que apenas sozinha consegue alcançar seu objetivo. Despe-se como nunca faria em meio ao tumulto, enquanto aplausos invisíveis soam por detrás da cortina.
sexta-feira, 3 de abril de 2015
Tímida
Era uma cidade grande, tumultuada, e as pessoas passavam depressa pela moça de vestido marrom. Os que se conheciam passavam sorrindo em meio ao tumuldo, jazindo harmonia, e um em vinte vezes a notava. Os que a conheciam, acenavam, como se estivessem degustando um pouco de uma receita estranha só por ser educados. Tinham os que sorriam, e outros com suas dores. Tinham que escondiam-se em máscara. O vestido marrom era uma máscara, e continuava observando a cidade pelos olhos da moça. Ora queria "participar", pertencer; ora se sentia indiferente, vazia, sem vontade de. No fundo ela queria despir-se. Vestido marrom, angustiante máscara. Às vezes chegava alguém e, em algum lugar escondido, chegava a levantar o vestido, mostrando um pouco por trás da máscara. Mas só fazia isso se percebesse que o espectador estava muito atendo e, é claro, participante! Porque ela odiava ser tratada por conviniências, por pena, por obrigação. Assim como ela não gostava de agir por conviniências, mas agia... Porém agia mal.
Dia
Tem dias que você não é você mesmo
E o vento sopra contra sua vontade
Tem dias que dormir não mata o sono,
e o riso não lhe traz felicidade
Tem dias que há dias já não sente
que de repente, tudo se melhora
Tem dias que a rima é mais presente,
se tudo que te inspira vai embora.
Tem dias que repetem-se as palavras,
repete-se e repete-se esse dia,
e apenas quando se quebra a mesmice,
é que você se decide a não cometer desperdício
de vida.
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