segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Apenas um papo qualquer



- Tá demorando.
- O quê?
- Essa coisa de par. Essa coisa de amor.
- Não ama porque não quer.
- Não amo porque não acho ninguém pra amar.
- Eu acho que você não procura.
- Não procuro mesmo. Não sou carente.
- Acho você muito intensa e sensível quando se apaixona. Isso não seria sinal de carência?
- Não, não, de paixão. Talvez um sinal de insegurança, mas nunca carência.
- A carência não suprida às vezes gera insegurança em um novo amor.
- Não reclamo da falta de amor.
- Reclama sim, implicitamente. Sente falta. Todo mundo sente.
- É por causa das músicas, dos filmes, das amigas, da tia que quer saber se você já está namorando, do irmão e do pai ciumentos, do Caio (Fernando de Abreu), da poesia, da conversa fiada com o moço bonito e até da danada da professora do prezinho, que ensina a desenhar coração, aquele órgão feio que é transformado em bonito no papel, sabe? É por todo mundo falar que é bom.
- E é bom.
- Não sei o quanto. Não sei se vou saber.
- Depende de você...
- Não só de mim...
- Aposto que já deixou o amor escapar...
- Sem perceber...
- Precisa ficar atenta...
- Sabe quando você dança? Às vezes, por ficar muito atenta e querer acertar o passo, acaba ficando tensa. A dança precisa de leveza, precisa que você esteja relaxada, antes de querer fazer tudo certo.
- É... faz sentido.
- Então estou fazendo certo!
- Você está DIZENDO certo. Não sei se tá fazendo.
- Eu to fazendo...
- Eu acho que você está relaxando demais. Vai acabar dormindo no ponto.
- Dormindo ou acordada, não sei qual é o ponto...
- Só você pode saber...
- (remendando) "Só você pode saber"
- ...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Ser umano



Uma letra só nem sempre muda o sentido da palavra
e, sem conjugar o verbo, falamos com tamanha convicção
Que somos gigantes por sonhar,
perdedores por não ganhar
e mendigos por estar distantes de uma migalha de pão

Acidentalmente caímos nessa de falar que é de propósito
que essa gente sofre porque não sabe viver
Se estamos aqui, o que precisamos saber? 
O que temos que sentir?
Pr'onde temos que fugir?

E, seguindo o ritmo dessa ciranda, soltamos nossas mãos
Mas quem muito gira em torno de si mesmo fica tonto e cai
Uso de certos conceitos, falo do que é de faxada
É que, se somos simplesmente matéria
a energia está condensada.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

"Aprendendo" geologia

   

       Eram unidos feito Pangeia, de quando se formavam carvões, há 4 bilhões de anos atrás. Antes de se encontrarem, a vida era inferno Hadeano. Era quente, mas com o passar do tempo, tornou-se sólido, apesar de problemas nascerem constantemente, pequenos, unicelulares. O amor, porém, cristal (ou, simplesmente, mineral). Essa coisa primitiva que era cambriana, e nem dinossauros sabiam ainda. E de tão chegados, chegaram a se unir de vez, permanecendo ali: rodeados por um mar já cheio de vida. Mas até a Dona Baratinha viu quando eles se separaram, feito água e petróleo. Duas partes sedimentares de uma vida. Duas não, pois muitos foram os pedaços arrancados um do outro, por essa paixão descontrolada como um vulcão. Nada disso foi visto por humano nenhum. Porém, quem olha bem pra cada um de seus pedaços pode ver (Ah, como pode ver!)... que em algum momento, lá no passado, se uniram, pois têm em si as formas perfeitas pra se encaixar.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Como uma mulher, um grão e a curiosidade mudaram o rumo da história da humanidade


A Maria era das antigas e vivia como nômade
Percorre seu caminho em busca da colheita
Já se sabia que os vegetais eram alimento para o corpo
E também com a carne, a refeição era feita

Um dia a Maria tornou-se curiosa
Notou que um grão caído na terra germinava
Chamou a Pedrita para ver o acontecido
E após dias vislumbraram a grande planta que brotara

A Maria, empreendedora, refletiu sobre esse fato
Catou alguns grãozinhos que encontrava pelo chão
Jogou-os pela terra, mas tão cedo não choveu
E o esperado por Maria sequer aconteceu

Mas o homem observava a grandiosa natureza
E, com o tempo, desvendava-se o mistério desse "grão"
Já  sabiam que a chuva era importante pro plantio
Nem imaginavam que ali surgia uma revolução

Descendentes de Maria agora vivem em aldeias
Herdaram lotes de terra que geravam mais comida
A fartura de alimento garantido pro ano todo
Fez crescer a quantidade de filhinhos desse povo

A crescente era fértil e a colheita, organizada
E entre os que produziam, alimentos eram trocados
Era o ponto de partida pro comércio e pra cidade
Mas do grão da agricultura brotou, também, desigualdade.