sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O ferrão

- Quem nunca falou mal de ninguém, que atire a primeira pedra. - silêncio profundo na sala de aula, até que Pedrinho levantou a mão.
- Professora!
- Fale, Pedrinho!
- Já que tocamos nesse assunto, eu gostaria de dedurar a Ana. Ela é a maior fofoqueira de toda a escola. Falou mal da Beatriz, do Marcelo e do Gustavo, e disse que a senhora tem um nariz de batata, cabelo bombril e cintura de gelatina. Na verdade ela é uma abelha gigante e seca que não presta atenção na aula, perde em matemática, e ainda baba.

A professora permaneceu calma. Era uma senhora experiente, com 20 anos na sala de aula, tempo o suficiente para saber que deve agir com calma para encontrar melhores soluções possíveis para conflitos entre os alunos. Apenas disse:
- Ana, o que tem a dizer em sua defesa?

Sem graça, a menina olhava pro nada. Ela tinha realmente falado mal de todos aqueles alunos e da professora, mas por dentro aquilo não passava de uma forma de fazer com que seus defeitos parecessem menores... puro engano!
- Nada, professora. Abelhas não falam.

Pedrinho, aluno bonito, inteligente e forte ficou cheio de si. "Vitória ganha", pensou. " A babaca admite, ganhei, ganhei, agora todo mundo odeia ela". Mas ela continuou:
- Elas picam sim, mas para se defender. Isso porque elas temem o homem, que é um bicho tão feroz, e as assusta, porque elas sabem que são mais fracas que eles. Mas após picar elas morrem, pois o ferrão nada mais é que um prolongamento do seu estômago.

A professora ficou tão orgulhosa pela sabedoria da sua aluna, que disse:
- Parabéns, Ana, ótima defesa. Mas você não é uma abelha, portanto não morreu. Então, a réu está inocentada!

Pedrinho ficou irritadíssimo, pois nunca tinha perdido num "tribunal" na sala de aula. Olhou pra turma, todos se segurando para não rir da cara dele. Menos a Ana, agora ela não ri mais de ninguém (aquela antiga Ana morreu, junto com o seu ferrão). Saiu correndo pelo corredor, se trancou no banheiro, e lá dentro fez algo que ele nunca faz na frente de ninguém. Chorou, nunca foi tão humilhado em toda sua vida.

domingo, 22 de agosto de 2010

Paradoxos

Nada certo,
Tudo muda constantemente, à medida que nós mudando
Todos odeiam continuamente, exceto alguns que estão amando
Toda ideia é aceita por uns, mas nunca por todos.

Duas faces da mesma moeda? Faz sentido.
Ditos populares fazem sentido
Palavras ditas por um "qualquer" também faz sentido
Assim como atitudes mesquinhas dos grandes não fazem sentido algum!
Apenas, achando que estão construindo o seu império,
se afundam numa poça de solidão.

De que vale ser importante,
se a ninguém um dia disse um " Eu te amo"? Nunca amou.
Como sobreviver com coração aberto,
se nem um feijão com arroz ao menos experimentou?
A vida impôs o dinheiro para a sobrevivência,
e ele acabou virando um terrível matador.

E o amor, onde fica?
Nas novelas, enfeitado por artistas bonitos e músicas semelhantes?
Meio superficial, não?
O amor está no peito de quem encontrou uma forma de ser feliz,
mesmo sendo o mundo, esse perverso paradoxo.